Conta à lenda que o Amor era um sentimento puro, sensível, observador e sublime e que com tantas qualidades era fácil qualquer sentimento se apaixonar por ele. Pois ele era tão lindo que ate mesmo os seres celestiais seriam capazes de despertar o mais oculto sentimento...
O Amor era só felicidade e alegria e um ser tão simples q a mais horrenda criatura era vista como a mais bela pelos olhos do Amor...
E quanto mais puro era o Amor, mais ele crescia e assim também despertava sua vaidade... E quanto mais vaidoso, mais o Amor se engrandecia...
O Ódio era um sentimento pequeno, que admirava o Amor, e sempre estava ao seu lado, dedicando seu tempo, companhia e carinho.
Mas o Amor era vaidoso demais para perceber o quanto era admirado pelo Ódio, o quanto era amado, idolatrado por esse sentimento pequeno.
O Ódio não soube lidar com toda aquela tristeza, com todo desprezo que o Amor lhe dera, e assim foi tornando-se amargo, cruel, mesquinho, solitário, vingativo, aquele que tinha prazer em destruir o outro, por puro prazer.
Um dia o Amor acordou radiante, repleto de vaidade, e mais uma vez o Ódio lhe ofereceu companhia, mas como ele era grande demais, bonito, não achava possível ser amigo de um sentimento tão pequeno e insignificante como o Ódio, e simplesmente lhe virou as costas sem ao menos lhe dizer um oi, um adeus.
Ali mesmo, com os olhos repletos de lagrimas e tristeza o Ódio viu o Amor ir embora na companhia da Luxuria, um pecado que em breve destruiria o Amor. Que mostraria que nem tudo que é belo é a melhor opção, é sublime...
Certa manhã o Amor acordou e percebeu que perdeu toda a sua alegria e beleza, então ele saiu de casa e bateu na porta da Luxuria, que não o reconheceu, que ignorou aquele sentimento que já foi tão lindo um dia...
Triste e abatido, o Amor saiu dali, cabisbaixo, chorando, sentindo que a solidão era a sua única companhia no momento. Então ele olhou para traz e viu que a Luxuria ria com prazer daquele que acabou de bater em sua porta. Ele ficou sem entender, como era possível ser tão desprezado sendo que ele era o mais lindo de todos os sentimentos? Como que uma simples fantasia que ele vestiu pudesse mostrar a verdade que ele nunca enxergou?
Andando sozinho, com a tristeza encravada em seu ser, ele esbarrou na Esperança, que sempre andava na companhia da Humildade, que é um sentimento simples, mas benéfico a quem precisa um sentimento cheio de riquezas que abandonou tudo em nome da Esperança.
E assim o Amor triste conversou com a Humildade, e lhe contou tudo que aconteceu com ele, e por isso ela estava tão triste. A Humildade aconselhou o Amor a ter esperança e também um pouco mais de humildade, procurar pedir perdão para aqueles que ele tinha ferido, principalmente para o Ódio que estava tão magoado quanto ele mesmo, e que perdoasse a Luxuria, que sempre se preocupou com beleza, vaidade, riqueza e status.
Mais aliviado, o Amor, seguiu o seu caminho... Bateu na porta do Ódio, que simplesmente lhe ignorou. Então o Amor perguntou: Oi, por que você me odeia tanto? E o Ódio respondeu: Porque um dia eu te amei demais e você não soube dar valor... Fechando assim a porta na cara do Amor.
O Amor se sentiu tão culpado que correu para um precipício, a fim de se matar. E lá no alto daquele precipício sentado em uma pedra olhando para o infinito, ele viu um velhinho. Quando ele ia pular o velhinho disse, não faça isso meu jovem, a vida e tão bela.
O Amor meio revoltado, questionou o velhinho, o que o senhor sabe sobre minha vida? Eu tinha tudo, beleza, glamour, era apreciado por todos, hoje não tenho nada, todos me desprezam e aquele que mais me amou um dia, eu abandonei e hoje me odeia. Não tenho motivos para viver, então vou acabar com isso logo e nada que o senhor me disser vai mudar a minha ideia.
O velhinho disse calma meu jovem, sente-se aqui, vou lhe contar uma historia e depois do que eu lhe falar, você decide se vale a pena morrer... O Amor sentou-se ao lado daquele velhinho com os ouvidos atentos escutou tudo que aquele senhor dizia.
Olha meu jovem dizia o velhinho, observe a beleza das coisas e preste muita atenção no que vou lhe dizer, há muito tempo atrás existia um jovem que também era assim como você, gostava de coisas belas e não se importava com os sentimentos alheios, tudo era festa. Um dia esse jovem conheceu o grande amor da sua vida, a Sabedoria, mas ele também não deu valor e acabou sua vida dando oportunidade a Ingratidão.
Então veio a Perseverança e lhe ensinou que nem tudo estava perdido, que ele devia pedir perdão a Sabedoria e seguir ao lado dela. Ele não deu ouvidos a Perseverança e continuou a sua vida, sempre com festas, pisando nos outros.
A Sabedoria ficou tão triste que acabou morrendo de tristeza... Quando ele soube, já era tarde demais e assim foi condenado a nunca morrer, cada dia que passar ia ficar sempre mais velho, e assim será por toda eternidade...
O Amor era muito sagaz, percebeu que aquela historia que o velhinho acabara de contar, se tratava dele mesmo. Então ele perguntou, meu senhor, como posso reparar o mal que fiz? O velhinho respondeu: Só o tempo... Só o tempo será capaz de perdoar, ajudar e entender um grande amor...
É assim conosco também, magoamos o próximo esquecendo que também podemos ser magoados... Devemos plantar a semente da ESPERANÇA, com a terra da HUMILDADE, regar com a agua da SABEDORIA, arrancar a erva daninha do ÓDIO, podar a LUXURIA, esquecer a VAIDADE, para que o TEMPO faça brotar o mais perfeito e belo fruto do AMOR...
Tudo na vida tem que ter equilíbrio... Temos que pensar para depois agir, esquecer a impetuosidade, olhar para dentro de nós mesmos, buscando a beleza interior . Tentar viver com intensidade mas respeitando o próximo assim como gostaríamos de ser respeitados. E no final de tudo nos sentiremos mais felizes e realizados, aproveitando os momentos bons da vida e tirando lições dos momentos difíceis, mais sempre procurando uma forma de nos tornarmos pessoas melhores a cada dia...
Por: Kell Alves
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